Como chegamos nesse ponto? Quando Sir Tim Berners-Lee, o criador da internet, concebeu a sua ideia acho que ele não percebeu de fato o “monstro” que ele estava prestes a parir. A internet sem duvidas veio para aproximar e quebrar as barreiras da comunicação humana, em uma velocidade e impacto até então desconhecidos pela historia. Mas o inferno esta cheio de boas intenções, a internet não passa de um reflexo de nossa sociedade, e a imagem no espelho não é para se orgulhar. Noticias e sites como o citado acima se multiplicam exponencialmente, relevando o irrelevante, e o mais engraçado de tudo é que se você perguntar se as pessoas acessam este tipo de informação todas lhe dão a mesma resposta “claro que não!”. Mas só por curiosidade tente postar em qualquer rede social este tipo de noticia e você verá que os comentários e os acessos são aos montes, em contrapartida quando é postado algo construtivo, ou de fato informativo, sua repercussão provavelmente será pífia, em relação a notícia fútil.
E isso virou um negócio, todo mundo hoje quer virar uma celebridade, mesmo que você não tenha nenhum talento a oferecer. A moça citada acima é uma conhecida subcelebridade, normalmente endossada pelo carnaval, e que ganha a vida com noticias esdrúxulas, geralmente criadas por ela. Não existe uma maneira eficaz de se frear este processo, a cada dia mais subcelebridades irão surgir, aproveitando-se da fibra ótica e do desejo compulsivo de julgamento do ser humano, devemos tratar esse fenômeno como nós brasileiros tratamos os escândalos de José Sarney, simplesmente ignorando.
Mas o fato que não dá para ignorar é que nós designers também temos uma inclinação para à fama, mas é lógico quem recusa dinheiro, carros, mansões e iates. Todos querem colher os frutos do reconhecimento imediato, o circo midiático entorno de seus talentos latentes. Mas o que fazemos para conseguir tal reconhecimento? Vejo os designers hoje em uma incessante autopromoção, exclusivamente na internet, vale tudo, até balinha se curtir a página do facebook. Não me excluo deste grupo, volta e meia me pego fazendo uma publicidade pessoal, mas realmente será que há esperança de ser reconhecido por uma postagem em um blog inexpressivo? Duvido.
Entendo que trabalhamos com comunicação, e devemos nos colocar no mercado mostrando o nosso diferencial, mas como mostrar esse “diferencial” quando há um enxame de pessoas se auto-declarando criativas e únicas. Infelizmente o empregador e/ou cliente recorre ao sistema mais utilizado, desde o paleolítico, o da “brodagem”, que consiste em aceitar uma pessoa através de um endosso de um amigo de confiança. Um sistema cheio de falhas, mas quem nunca conseguiu um emprego ou algum trabalho temporário através de um amigo. E quem não tem muitos amigos influentes recorre à autopromoção, sim é um ciclo sem fim, e quanto mais o tempo passa mais teremos designers melões que infelizmente trazem consigo a falta de valor que muitos se queixam.
Aprendi em algum lugar que se deve começar ou terminar um discurso com uma citação de alguém importante, simplesmente para dar a impressão que o portador da mensagem é culto e que possuiu idéias que convergem com outros pensadores, mas vou utilizar apenas uma frase recolhida de um aluno de design, que traz a essência da mensagem deste texto. “Valorizo os que acreditam que ser o Karin Hashid não é um ideal, que sabem que o mundo precisa de designers invisíveis. Valorizo os que têm pensamento crítico, que contribuem para o crescimento dos profissionais e da classe e que se empenham por melhorias.”